terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O observador

livro o observador



O livro é para adultos, não recomendamos a leitura de adolescentes ou crianças por conter narrativa inadequada.

O observador

Capitulo Um


Ele era pouco estranho, usava óculos quadrado, fora de moda (miopia) e tinha um jeito meio estranho de se vestir... Com sapatos bico quadrado calça social escura e camisa branca, pra qualquer um seria uma roupa básica, mas pra ele não era nem um pouco bonito ou apresentável já que seu corpo era muito magro e muito alto. Nunca fora um cara popular, na faculdade tinha um amigo e apenas tinha transado com prostitutas, pois não era atraente e não via necessidade de fazer de inteligente ou de fortão como os outros gorilas da sociedade, não precisava ser o macho dominante. Depois que concluiu a faculdade foi fácil arrumar emprego, suas notas eram excelentes e antes de terminar o último ano já tinha sido indicado para uma grande empresa de contabilidade onde começou como estagiário até pegar o diploma. Tinha uma memória muito boa, alguns diziam que ele tinha memória fotográfica (memória eidética) o que o ajudava na hora dos cálculos sendo assim nunca errando nem na faculdade nem depois de se formar no trabalho. Depois de formado ele começou a ganhar muito dinheiro fazendo contabilidade de empresas grande. Foi assim por sete anos até montar seu próprio escritório de contabilidade. E contratar alguns funcionários pra trabalhar pra ele... Logo estava nadando em dinheiro... Era o melhor escritório de contabilidade, ele se lembrava de cada numero todos os CNPJ de cada empresa... Quando ele completou 33 anos sem saber se faria uma festa, não teria amigos pra convidar e não convidaria os funcionários, pois não queria misturar a relação profissional com a relação pessoal, decidiu sozinho ir pra uma boate ver algumas stripers e beber um bom uísque. Já passava da meia três da manha  quando ele abre a porta dos fundos do bar e se dirigiu para o seu carro que estava no estacionamento dos fundos, não avia ninguém no estacionamento, era como um grande deserto virgem, intocado, não fosse por três carros vazios que estavam estacionados ali como prova que alguém já tinha explorado aquele lugar ele pensaria ser o primeiro. Ele chega à porta do seu carro, Poe a mão no bolso pra pegar a chave do carro quando se lembrasse de ter deixado em cima do balcão no momento em que tirou a carteira para efetuar o pagamento. A cambalear virou-se para voltar quando...
- Ola filho.
Um homem de calça Jean, camiseta branca e descalço surgem bem próximo ao seu rosto com um olhar fixo e seus olhos. Sua barba era por fazer e apesar de não ser tão alto a primeira vista parecia um mendigo, com um pulo pra traz proveniente do reflexo do susto ele tromba em seu carro e cai de joelhos nas pedras sentindo muita dor nas costas, joelho e mãos que apoiou nas pedrinhas soltas no chão. Sem se levantar olha para o homem esfrega os olhos como se não acreditasse no que via e olhou com mais clareza, não era um mendigo, aparentava ser um senhor entre 40 ou 45 anos aparentemente atraente.
- Você não é o primeiro a se ajoelhar pra mim hoje – Disse o velho com certa seriedade que para o homem de joelhos soou mais como uma provocação.
- O que esta fazendo velh... Homem? – disse ao olhar para o senhor a sua frente ainda sem conseguir ver seu rosto direito. Apesar de toda a iluminação era como se uma sombra sempre tapasse os olhos ou a boca ou o nariz de forma que mesmo apertando o olho ele não poderia reconhecer de ou em outro momento. Começou a Levantar.
- Você ia dizer velho? Pode dizer. Se soubesse a idade que tenho nem de velho me chamaria, talvez tivesse educação e me chamasse de “senhor” já que é como deveria me chamar.
- Muito bem “senhor”, - Falou com desdém - De onde veio tão rápido que não vi chegar?
- Vim do céu - Diz o homem Novamente serio que novamente soa como uma provocação aos ouvidos de um bêbado.
- Então o “senhor” veio do “céu”! –balança os dedos ressaltando as aspas nas palavras senhor e céu- que original velho, me conta outra.
- E vim para levá-lo comigo.
- aaaaaaaaaaah então é um seqüestro? Bom nisso você realmente foi original, eu serei o primeiro homem a ser seqüestrado por “deus”? Ah não, não mesmo provavelmente isso acontece todo dia. O que deus faz depois de seqüestrar? Pede resgate ao diabo?
- Você também não é o primeiro a zombar de mim hoje – diz o velho – Vocês humanos na são nada originais. Apesar de únicos são todos iguais. Pois lhe dou um ultimo aviso, vim aqui para levá-lo comigo, não vou sem você, caso não aceite quebrarei pela primeira vez a regra do livre arbítrio e você vai se arrepender de todas as palavras que disse até agora em minha presença – a sombra parecia diminuir de seu rosto e sua expressão era aterradora, mas o bêbado tentou balbuciar,
- Então vem velh...
Ele viu o velho colado em seu corpo com as mãos encostadas em seu peito, logo percebeu que não estava mais em um estacionamento, estavam no ar alguns quilômetros abaixo estava um campo gramado, onde ele foi arremessado como em um empurrão com muita força, se chocou como um meteoro chocasse com o solo, seu corpo se espedaça. Logo se viu inteiro caindo dentro de um vulcão em erupção morrendo queimado. No fundo do mar morrendo afogado. No meio de uma tempestade de areia onde seu corpo era cortado por cada grão de areia até seu corpo se desintegrar por completo. Em um tufão de vento que invadiu sua boca fazendo seu corpo explodir como um balão. Enterrado apenas com o rosto pra fora da terra onde um batalhão marcha sobre seu rosto. No meio de um enxame de abelhas sendo picado eternamente, mas sua consciência estava intacta sentindo todas as dores das circunstancias.
Caiu de joelhos, estava novamente de frente para o senhor de camiseta branca, seu corpo doía a ponto dele precisar deitar no chão.
- o que fez comigo? – Disse.
- você passou pelos sete mil infernos, mas eu permiti que você lembrasse apenas sete, pois você perderia a sanidade caso lembra-se dos outros.
No chão o homem percebe a aproximação do senhor, sente que ele é tocado na nuca à dor desaparece instantaneamente, ele é apoiado em uma parede, não sabe aonde esta, o senhor o segura pelo pescoço apenas com uma mão, você vai me ouvir? - O senhor disse com o rosto bem próximo do resto do homem que olhou em seus olhos e viu fogo, escuridão, o universo e amor.
- Sim eu ouvirei. - Seu corpo tremia era assustador o que sentia, medo, vontade de chorar, frio, calor, vida.
- Eu estou cansado, muito cansado, faz alguns anos que não durmo, vou descansar, mas não posso deixar de o homem sozinho, o homem precisa ser observado, você, será meus olhos, você vai me passara todas as informações, quando eu acordar você me Dara um relatório de tudo que viu.
- E caso eu não queira? – disse o homem.
- eu estou cansado da humanidade, to cansado de sua estupidez, se você não aceitar eu irei acabar com todos vocês, vocês deixarão de existir com um estalar do meu dedo. Lembre-se que vocês humanos, é a única raça do universo que me dão trabalho, a única raça que me abandonou, talvez já seja hora de acabar com a humanidade ai poderei descansar em paz.
- Eu aceito – disse o homem – eu aceito.
- E sabia que você aceitaria... Você tem apenas uma regra, você não pode interferir, o curso da humanidade deve seguir normalmente, você terá meus poderes, pra poder acompanhar executar seus serviços, mas eu lhe aviso, não interfira, apenas observe.
- Esta bem, esta bem.
- Eu vou descansar agora, bom dia observador.
O homem desapareceu de sua frente ele estava sentado, como num passe de mágica em um trono de cristal com o mundo abaixou de seus pés.


Capitulo Dois


Depois de observar o universo por um longo tempo, de apreciar cada estrela abaixo de seus pés resolveu cumprir sua tarefa, resolveu descer a terra e observar, afinal ele estava ali para isso.
Logo que pensou em descer a terra já estava parado em um beco, logo entendeu o que ele quisesse fazer, bastava pensar.
Saiu caminhando, imaginou um sobretudo sobre seus ombros e logo estava de sobretudo branco, a sua frente havia um travesti, sobre a sombra do prédio como se tentasse ocultar seu corpo, mas o travesti não o viu, ele não queria que o travesti visse, a menos de meia quadra outro travesti estava parado, mas o observador não se interessava por ele, apenas observaria o 1° e ali ficou por menos de 5 minutos, quando um carro grande, encostou ao seu lado, era uma Mercedes, o observador conhecia aquele carro, já sonhara em ter uma, mas agora não importava o carro mas sim o que estava se passando entre o dono do carro e o travesti. Ele via, mas não queria ouvir o dialogo então ele não ouvia, entendia pelo sorriso do travesti e as tentativas de fazer expressões sexuais, que o travesti tentava lucrar e o homem de charuto e chapéu preto dentro do carro não tinha interesse em barganhar. Já com o travesti dentro do carro ele da uma ultima olhada pra rua escura com apenas um travesti agora, Ele vai até onde o carro estava estacionado. Ele não se importava se com a idéia de que o carro tinha acabado de sair dali, o tempo agora era dominável, e ele foi direto ao ponto onde o motorista abre a porta ao travesti e o homem de charuto.
Eles estavam na porta de uma mansão, um lugar afastado, mas com um belo jardim, o homem abraçado ao travesti entra em casa enquanto o motorista entra no carro e sai dirigindo, o homem de charutos tranca a porta, mas ele atravessa mesmo assim como se não houvesse porta, o homem sobe com o travesti para um dos quartos, já no quarto ele pede para q o travesti deite-se na cama, e assim o faz, depois de um tempo o homem algema o travesti na cabeceira da cama.
- Uau cachorrão, vai-me amarra hoje é? – Diz o travesti sem ouvir resposta.
   Homes se aproxima do travesti, com uma das mãos abre sua boca em um gesto gentil, abaixando-se como se fosse beijá-lo, o travesti põe a língua pra fora o homem segura a língua e com a outra mão passa uma navalha arrancando-a da boca do travesti.
Um grito desesperado e silencioso sai da boca da criatura deitada sobra à cama, era um gemido, seus olhos enchem de lagrimas e com as pernas e o corpo começa a se debater, o homem afasta da cama senta-se na cadeira e assiste, aprecia, esboça um leve sorriso no canto da boca.
Já sem forças o travesti para de debater-se, deixa o corpo apoiado na cama, e ainda com lagrimas nos olhos tenta imaginar uma forma de escapar dali, mas não da tempo ele esta olhando direto para a luz no teto quando essa luz é encoberta por um corpo, ele tira o foco da luz e olha para o rosto do homem de chapéu que avia tapado a luz e tenta novamente gritar, pânico, medo,tenta chutar o homem, não tem força, dessa vez o homem segura dois barbantes, parecem cadarços de sapatos, então ele amarra um cadarço em cada pé e amarra a ponta nos pés da cama, o travesti sente-se completamente imóvel, e sente que o homem esta cortando sua roupa, provavelmente com uma tesoura, ele grita, um urro misturado com choro espalha pela casa.
O homem de chapéu senta-se ao lado do travesti na cama e começa a por uma luva cirúrgica, encosta sobre o peito da criatura inerte um bisturi e abre uma fissura do peito até a cintura, enquanto olha nos olhos daquele que sofre sem poder mexer-se ou gritar.
 O homem ainda com o bisturi cortou novamente seus seios fazendo as bolsas de silicone vazar, completando o corte em uma cruz perfeita e simétrica.
Passou varias vezes o bisturi sobre o rosto da vitima, tirou as luvas e saiu do quarto, agora apenas se encontrava no quarto a criatura sem rosto, com uma cruz no peito e o observador, que se aproximou da cama, teve compaixão e sem interferir no livre arbítrio foi embora. Sentado novamente no trono e olhando o universo sob seus pés se questionava.
- Eu deveria ter impedido? Eu deveria ter parado o homem de chapéu? Eu deveria interferir no livre arbítrio?
A resposta que vinha em sua mente era apenas uma.
  - Você tem apenas uma regra, você não pode interferir. O curso da humanidade deve seguir normalmente, você terá meus poderes, pra poder acompanhar e executar seus serviços, mas eu lhe aviso, não interfira, apenas observe...


Capitulo três


Apenas observe, apenas observe... Isso não saia da sua cabeça, já fazia dias que estava cumprindo as ordens de Deus, essa frase parecia um martelo em sua cabeça, um martelo de um carpinteiro que nunca se cansa de trabalhar.
Era um mundo cruel, ele não tinha dúvidas, desde antes de ser o observador. Mas agora ele via de outro ponto de vista, ele via com olhos de Deus.
Ele desceu a terra, entrou em uma igreja, era grande, se encontravam ali exatamente 57 seres, 32 eram mulheres, cinco eram crianças, 20 homens e um desses homens era o padre que dava o sermão. Ele dizia:
- O evangelho de marcos 1,12-15 diz, logo depois, o espírito o Fez sair para o deserto. Lá durante quarenta dias, foi posto à prova por satanás. E ele convivia com as feras, e os anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando a boa nova de Deus.
O observador ri baixinho enquanto o padre continua a falar...
-Completou-se o tempo, e o reino de deus esta próximo. Convertei-vos e crede na boa nova.
- É verdade, meu reino está próximo - diz o observador pra si mesmo.
Em um piscar de olhos já esta em outra igreja.
Um pastor diz:
- SATANÁS. A sagrada escritura fala dele muitas vezes como um ser espiritual e concreto. É um anjo caído. Jesus o define dizendo: É MENTIROSO, E PAI DA MENTIRA, vosso adversário o demônio anda ao redor de vós como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resista forte na fé. O demônio é o inimigo numero um , é tentador por excelência, sabemos que esse ser obscuro e perturbador existe realmente e continua atuando. Ai eu pergunto meus fieis, como? MENTINDO, ENGANANDO, ONDE HÁ MENTIRA OU ENGANO, ALI HÁ AÇÃO DIABOLICA.
“Então aqui há uma ação diabólica”, pensa o observador no mesmo tempo que varias senhorinhas dizem amém, amém.
-A maior vitoria do demônio é fazer crer que ele não existe. E como mente? Apresenta-nos ações perversas como se fossem boas, estimula-nos a fazer más obras; e, em terceiro lugar, sugere-nos razões para justificar os pecados.
O observador já estava cansado das mentiras daquele homem, saiu, em um piscar de olhos estava em uma rua, era tarde da noite, dois garotos caminhavam pela rua, voltavam de uma festa. Ele olhou para o outro lado e avistou um grupo de vinte três garotos de cabeça raspada, jaquetas de couro e símbolos nazista. Os garotos baixaram a cabeça ao passar pelo grupo, mas não seria tão fácil quanto eles imaginaram, cinco dos carecas os cercaram.
- Você nos deve uma grana. Disse um dos Carecas para um dos garotos.
- Não sei do que estão falando. Respondeu o garoto gaguejando.
Os carecas começam a socar o garoto com força até ele cair e depois que Ele cai começam a chutar. Um dos carecas para de chutar e olha o segundo garoto que esta fugindo, olha pra um do seu grupo que não agredia ninguém, esse faz um leve sinal balançando a cabeça e o outro já sabe o que fazer. Tira do bolso uma faca e abaixando-se crava varias vezes a faca no corpo do garoto, que fica se contorcendo no chão. Ainda sangrando e sem ser chutado o garoto levanta e corre, mas não muito, sem forças cai na calçada.
- Acabe com o serviço. - Diz o careca que havia dado sinal com a cabeça.
O careca com a faca se encaminha para o garoto, pega em seu cabelo, levanta sua cabeça e passa a faca em seu pescoço cortando sua jugular. O observador aproxima-se do garoto que sangra no chão, o olho do garoto meche e ele olha bem no fundo dos olhos do observador, fecha os olhos e para de respirar. O assassino volta para perto daquele que tinha dado a ordem para ganhar um abraço, e a frase ecoa em seus ouvidos.
- Bom trabalho agora você é um dos nossos.
Ao ouvir essa frase o observador saiu dali... No terminal de ônibus um homem esperava. O observador fitava-o com certo interesse, pois aparentemente aquele homem não faria mal a ninguém, e não faria mesmo, pois não tinha muito tempo de vida.
Logo outro homem chegou por traz e lhe pediu dinheiro, como ele não quis dar o outro puxou um revolver e deu três tiros. O observador ao lado olhava para a vítima, que olhou para o observador antes de parar de respirar. Antes de ir embora o assaltante fez o sinal da cruz com a arma na mão.
Não esperou, logo estava em frente a um colégio, vários alunos saiam. Um homem de vinte anos com os cadernos no braço encostou-se ao muro e ficou fumando, logo a rua estava deserta e um carro se aproximou do portão. Outro homem conduzia o carro.
- Oi amor. Disse o fumante ao entrar no carro e deu um beijo demorado no motorista.
Uma moto passava, e os dois tripulantes olharam a cena dentro do carro... Foram até a esquina e voltaram.
- Ei viado. Disse o passageiro e atirou... Exatamente 12 tiros, a arma recuou sem munição e o carro estava com os vidros estilhaçados, não dava pra ver se os homens dentro do carro estavam vivos ou mortos.
- Vai, vai. Disse o atirador. O piloto acelerou e a moto desapareceu no escuro horizonte.
O observador foi pra perto do carro e os homens o viram. O motorista mexeu a boca, mas não saiu som. Ele dizia ao observador:
- Ajuda. E um de cada vez parou de respirar.
O observador voltou para seu trono intocável, e sentado com a galáxia sob seus pés tinha duas frases na cabeça...
- Meu reino está próximo!
- Eu deveria ter interferido?


Capitulo quatro


Era uma manhã de julho, o frio não era intenso, mas o vento incomodava e ressecava o rosto de qualquer humano. O observador começou a caminhar pelo centro da cidade, em outros tempos ele sentaria em uma lanchonete, tomaria leite com café,  e comeria uma coxinha de franco com catupiry, mas dessa vez não aconteceria assim, dessa vez ele queria fazer algo diferente.
Dirigiu-se para a lanchonete e observou as pessoas que estavam sentadas em suas cadeiras tomando café da manhã. Muitos deles nem acordaram direito e já estavam preocupados se iriam conseguir ganhar dinheiro naquele dia.
Esperou. Logo seu convidado chegaria, e chegou. Era um homem negro de cabelo curto e alto, bem alto. Quando ele chegou o observador olhou pra cima para poder falar com ele.
- Eu preciso que você...
- Eu sei o que você quer. Você não precisa se comunicar usando o dialogo conosco. Respondeu Gabriel ao sair andando pra dentro da lanchonete.
Quando atravessou a porta todos viram aquele mendigo com roupas sujas e algumas pessoas viraram o rosto com nojo, outras fizeram cara feio devido ao mau cheiro do mendigo, que ia em direção do balcão, porém não chegou lá, foi parado por uma garçonete.
- Pois não senhor, o que precisa?
- Eu quero um café. Disse Gabriel ao tirar umas moedas do bolso e começar a contar.
A moça esperou ele contar as moedas, pegou-as das mãos do mendigo e dirigiu-se para o balcão. Logo vinha com o café.
- Eu estou com fome, me da um pão de queijo. Pediu Gabriel.
- Eu não posso moço. Disse a mulher olhando pra ele. Temos ordens pra não dar comida, se eu der um pão de queijo pra você posso ser demitida.
- Ei moço, senta aqui comigo. Disse uma voz que soou como faca no coração dos outros que se encontravam na lanchonete, e surpreendendo até Gabriel que olhou para o lado e viu um homenzinho baixinho, não devia medir mais que 1,50 cm com um cavanhaque mal feito e um chapéu estranho, que terminou dizendo
- Traz uma porção de pão de queijo pra gente moça.
- Obrigado senhor eu estou realmente com fome. Disse Gabriel.
- Não se preocupe, pode comer a vontade. Como é seu nome?
- Gabriel.
- Eu sou Marcos.
- Fez um instante de silencio e logo veio a bandeja de pão de queijo.
Eles comeram... E conversaram,  Gabriel  fingindo insanidade disse que trabalhava em uma mecânica, depois em um posto de gasolina, o homem disse que era ator, tanto o observador quanto Gabriel já sabiam. E quando foram se despedir... Ainda em sua representação de insanidade:
- Eu sou Gabriel, o anjo do senhor. Ele esta vendo o que você fez, observando e registrando suas ações e as ações desses “porcos” que aqui se encontram. Muito obrigado Marcos. Disse Gabriel ao sair da lanchonete e sem que alguém percebesse abrir seus pares de asas e alçar vôo até virar um ponto minúsculo no céu.
O observador continuou acompanhando Marcos, que logo estava em um teatro encontrando seus amigos. Além de contar que avia falado com um bêbado lunático que afirmou que era “Gabriel o anjo do senhor” se vangloriava de ter alimentado aquele homem que precisava de um prato de comida.
Apesar de o observador conhecer a natureza humana ele teve esperança de que aquele homem tivesse feito algo bom para o outro e não para contar vantagens depois.
O observador esperou... Ele ficou o dia todo esperando, no fim da tarde o ator saiu do teatro pra ir pra casa, acabara mais um dia de ensaio, o observador esperou ele chegar bem perto da rua, no mesmo instante que um bêbado passava dirigindo seu carro, o observador pensou, e aconteceu, o motorista do carro perdeu o controle da direção e atropelou Marcos em cima da calçada. Ao chegar perto, eles trocaram olhares, e o ator sabia que era o olhar de Deus, sabia que morreria e morreu.
Deus... Sentiu prazer em ver aquele homem morrer, afinal não é todo dia que um homem tem o privilégio de ser morto por “um carro”.
Deus (o observador) estava sorrindo enquanto olhava para o universo sentado em seu trono com as estrelas como carpete, ele estava feliz porque dessa vez ele tinha interferido, e não se arrependia.  


Capitulo cinco


Ela ia todos os dias a igreja, mesmos os dias que não tinha missa ela ia rezar o terço em frente ao sacrário.
Casada já há 12 anos nunca passara pela sua cabeça qualquer coisa infame ou pecadora que viesse por seu casamento em risco. Mesmo quando suas amigas faziam piadinhas sobre sexo ou falava sobre um galã de novela, ela segurava a cruz do terço e dizia:
- Deus me livre.
Filha de família católica sempre foi doutrinada e seguiu o caminho da castidade até encontrar um namorado que tivesse os mesmos caminhos e a mesma doutrina, que viria a se tornar seu namorado e depois de quatro anos, seu marido.
Era uma segunda feira, logo depois do almoço quando seu marido já havia voltado ao trabalho. Ela já lavara a louça e limpara a calçada da casa, agora era hora de enrolar o terço na mão e ir para a igreja fazer suas orações.
Sem pressa ela chegou a igreja e como era de costume entrou pela porta dos fundos, já que era a porta de aceso quando não havia celebração. Ela sabia que teria no mínimo duas horas de paz e sossego junto a Jesus.
Depois de rezar ficou um tempo olhando para o altar e apreciando como era bela a casa do senhor, então se dirigindo a ele pensou em ir embora, mas foi barrada por alguém que entrava pela porta que sairia.
Era o padre Jonas, que sem perceber sua presença fechou a porta e ficou de costas para ela e de frente para o sacrário, ajoelhou-se para louvar e fazer o sinal da cruz.
Ela em respeito ao gesto e percebendo que o padre não havia percebido sua presença, esperou em silencio para não atrapalhar.
O padre terminou suas orações e levantou-se girando, logo ficando de frente com a mulher que em um susto deu um pulo para traz.
- Me perdoe irmã Vanessa, não percebi que estava ai. Como vai você?
- Eu vou bem senhor, vim fazer minhas orações, mas já estou de saída.
- Tudo bem irmã, que deus guie seu caminho.
Dizendo isso apertou a mão da mulher, que também apertou sua mão e os dois se olharam nos olhos, e se desejaram, e se beijaram, e com desejo, um desejo nunca sentido antes, os dois deitaram em cima do altar, arranhando um ao outro, mordendo com tezão, e com força tiraram suas roupas, e se amaram, e sentiram prazer, e gozaram várias vezes. Um sexo selvagem, indecente, não existia nada naquele momento além do desejo carnal, sujo, puro.
Depois de se deliciarem os dois sem saber o que dizer, vestiram suas roupas, deram por si do que tinha acontecido, riram, pois gostaram do que tinham feito, era a primeira vez que os dois sentiram prazer de verdade em seus atos.
Arrumaram o altar, fizeram o sinal da cruz de frente para o sacrário e saíram do recinto.
Depois de saírem, a igreja que era apenas silêncio se encheu com uma risada, uma risada indefinida que apenas um Deus pode dar. Era o observador que o tempo todo estava sentado na primeira fileira dos bancos da igreja apreciando a cena.
Ele não condenava o casal, ele quem induziu o desejo, e de livre arbítrio os dois escolheram se entregar a esse desejo puro, carnal.
O observador sentiu prazer, muito prazer em ter feito isso, e não esperava ouvir uma voz em suas costas.
- Sabe!!! Eu já estou começando a ficar com raiva de você.
Ao levantar-se rapidamente e olhar para traz, ele pensou em perguntar: - quem é você? Mas não fez isso, ele já sabia quem era.
Enquanto caminhava em direção ao observador, seus pés sem calçados emitiam sons de patas de bode       
- Você esta fazendo meu trabalho. Eu não gosto disso...

Capitulo seis

Os carros passam, as flores desabrocham, as estrelas brilham, tudo se movimenta, nasce, morre.
O tempo é relativo (Z - tônica), mas tudo depende do outro... Isso significa que...
- Mais um substituto?
- Pois é meu caro – Disse o homem que tinha a face do Jack Nicholson, mas logo mudou para a face do Fred Mercury.
- Você sabe que eu posso ver sua verdadeira face! Disse o observador.
- Eu sei, mas é divertido e interessante ver a reação das pessoas.
Depois de um grande silêncio.
- Ok, sim senhor, esta bem papai do céu, irei parar de usar minhas ilusões. Disse em tom debochado a criança de 10 anos com um calção e camiseta regata, sacou um charuto do bolso e disse:
 – Quer um charuto?
- Não obrigado.
A criança se dirigiu até o altar, chegou logo em frente do sacrário, sem por a mão abriu-o e fez com que as “hóstias sagradas” saíssem voando e ficasse flutuando dentro da igreja, como se fosse uma maquete do universo, (galáxias, sistemas solares, tudo com hóstias).
- Veja agora há dois universos feitos de “partículas de Deus”, você deve ser realmente magnífico não? Hahahahahaha
- Você sabe que eu nunca estive nessa bolachinha. Disse o observador que desde a chegada do garoto ainda não tinha saído do lugar.
- Agora eu sei, mas quando era criança não sabia, você sabe tudo então já sabe o que aconteceu. Disse a criança enquanto ficava de costas e enchia os olhos d’água.
- Me conte... Talvez eu goste de sua historia. Disse o observador, e sentou no banco da igreja.
- Claro ó Deus, contarei minha história. Disse com tom de deboche antes de explodir em gritos.
 – TRAREI TAMBÉM CHÁ COM BOLACHA PRA QUE VOCÊ FIQUE BEM CONFORTÁVEL, ANTES DE OUVIR SUA HISTÓRINHA E DORMIR... Eu tinha apenas seis anos... Seis anos... Porque fez isso? Eu me lembro que eu fiquei ajoelhado em frente ao altar, pedi pra você, implorei pra você, eu rezei, eu nem sabia rezar as orações inteiras, mas eu rezei todas as que sabia, e o que você fez? Ignorou todas as minhas orações todos os meus pedidos você deixou minha mãe morrer, você não curou o câncer, você não devolveu minha mãe.
- Ora, ora o pai da mentira contando uma verdade. Disse o observador.
– E porque você não pergunta isso para o numero “um”? Até mesmo porque deve ser outro substituto que estava ouvindo suas orações, e mesmo que fosse o numero “um” ainda existe a regra do livre arbítrio.
- Livre arbítrio? Você matou minha mãe por uma regra idiota? Você sabe onde esta o numero “um” agora? Esta junto com Lúcifer, tomando chá, e assistindo o circo de horrores que é o maldito planeta terra.
A criança virou um rodamoinho de vento e fogo e desapareceu.
O observador, por um milésimo de segundos pensou:
- Por que Lúcifer escolheria uma criança para substituto? Mas depois de rever a vida do garoto... A magoa e a raiva que ele tinha acumulado... Ele teve a resposta.
De repente ele sabia que tinha alguém que estava lendo a história que falava sobre si...
Ele olhou nos olhos do leitor, que soube o que o pensador pensava...  O inferno são os outros.

Continua...

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